Dom Fernando Arêas Rifan*
            O nosso Papa Francisco
          disse que escolheu
          o nome do “pobrezinho de Assis”, inspirado no conselho de Dom
          Cláudio Hummes:
          “Não se esqueça dos pobres!” “Ah, como eu queria uma Igreja
          pobre e para os
          pobres!”, disse ele aos jornalistas. Aliás, foi assim que São
          Francisco de
          Assis recuperou a credibilidade da Igreja.
            Realmente,
          a mensagem evangélica é
          paradigmática: “O Reino (de Deus) pertence aos pobres e aos
          pequenos, isto é,
          aos que o acolheram com um coração humilde. Jesus é enviado
          para
          "evangelizar os pobres" (Lc 4,18). Declara-os bem-aventurados,
          pois
          "o Reino dos Céus é deles" (Mt 5,3); foi aos "pequenos" que
          o Pai se dignou revelar o que permanece escondido aos sábios e
          aos entendidos.
          Jesus compartilha a vida dos pobres desde a manjedoura até a
          cruz; conhece a
          fome, a sede e a indigência. Mais ainda: identifica-se com os
          pobres de todos
          os tipos e faz do amor ativo para com eles a condição para se
          entrar em seu
          Reino” (C. I. C. 544).
“Quando envergamos a nossa casula humilde
          pode fazer-nos
          bem sentir sobre os ombros e no coração o peso e o rosto do
          nosso povo fiel,
          dos nossos santos e dos nossos mártires, que são tantos neste
          tempo.
        fixemos agora o
          olhar na ação. O óleo precioso, que unge a
          cabeça de Aarão, não se limita a perfumá-lo a ele, mas
          espalha-se e atinge «as
          periferias». O Senhor dirá claramente que a sua unção é para
          os pobres, os
          presos, os doentes e quantos estão tristes e abandonados. A
          unção, amados
          irmãos, não é para nos perfumar a nós mesmos, e menos ainda
          para que a
          conservemos num frasco, pois o óleo tornar-se-ia rançoso... e
          o coração amargo”
          (Papa Francisco, Homilia da Missa Crismal, 28/3/2013).
           
          A Igreja, seguindo o exemplo de
          Jesus, faz na sua evangelização a opção preferencial pelos
          pobres. Opção
          preferencial, mas não exclusiva, pois todos são chamados à
          salvação. A Igreja
          não despreza ninguém, os pobres, por serem os mais abandonados
          pela sociedade,
          e os ricos, os empresários, os que possuem bens e influência
          nesse mundo são sempre
          acolhidos: muitas vezes eles são até mais pobres e
          necessitados do que os que
          não têm bens materiais. Ademais,
          o dinheiro pode ser bem empregado, sobretudo em se tratando
          das coisas de Deus.Narra
o
          Evangelho a passagem de Jesus na casa de Lázaro, quando Maria
          tomou um
          perfume precioso e caro e com ele ungiu os pés de Jesus. Judas
          se indignou e,
          diante do que julgava um desperdício, tomou a defesa dos
          pobres. Jesus, porém,
          defendeu o gesto de Maria: “Pobres, sempre os tereis entre
          vós. Mas a mim nem
          sempre me tereis!” (Jo 12, 3-8). 
          
Jesus,
          nascendo e vivendo pobre, não
          discrimina ninguém: no seu presépio vemos pobres e ricos,
          pastores e reis.
          Todos são bem-vindos ao berço do “príncipe da paz”. Com seu
          exemplo, ele prega
          a humildade e não a soberba, a caridade e não a inveja, o
          desapego e não a
          ambição, a paz e não a luta de classes. A desigualdade, quando
          não é injusta, é
          natural e normal, podendo ser suavizada e superada pela
          prática das virtudes
          cristãs. Amemos e consolemos os pobres, os preferidos de Deus,
          sem lançarmos no
          coração deles a amargura da inveja e ambição. 
      
*Bispo da
          Administração Apostólica
          Pessoal
                                                                        
          São João Maria Vianney.
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