No Sermão da Montanha Jesus ensinou: "Bem - aventurados os puros de coração, porque verão a Deus!"(Mt. 5,8).
Mas o que é a pureza?
Na Igreja Latina a pureza está muito relacionada com a virtude da castidade, mas na Igreja Oriental está muito mais relacionada com a virtude da Caridade.
No Livro "A Deificação" e num outro "Deus é Amor", escrito por um "Monge Contemplativo", a Caridade é apresentada como a virtude essencial do Evangelho, e o Monge percorre desde as origens até a atualidade a história da Caridade em todos os Padres e Santos da Igreja.
Bento XVI, em seu glorioso Pontificado dedicou várias Catequeses sobre os Santos, conotando de forma específica a virtude da Caridade em todos eles, ou seja, apresentou de forma extraordinária como todos os Santos depositavam uma fé incondicional no infinito Amor de Deus pela humanidade.
Bento XVI escreveu "Deus Caritas est" , "Caritas in veritate", onde apresenta a mensagem cristã por uma outra ótica, que é a ótica do Evangelho, a visão de Jesus Cristo sobre a humanidade e o universo: sobre a ótica do Amor de Deus, partindo da própria essência de Deus.
Depois o Papa Francisco inaugura seu Pontificado com uma nova Encíclica sobre o Amor de Deus: "Lumen Fidei", onde se propõe o Amor de Deus como alvo da fé de todos os cristãos.
Bento XVI anunciou ao mundo envelhecido no pecado que Deus é Amor, se esforçou para levar a todos e a cada um em particular a acreditar que são amados por Deus, que Deus ama a todos e a cada um sem limites.
O Papa Francisco, movido pelo mesmo Espírito que assiste aos Papas, continua com a mesma mensagem de Bento XVI, acrescentando a conclusão óbvia: se somos amados por Deus, se Deus ama a todos, eu devo amar também.
Francisco inaugura um Pontificado sem precedentes na História da Igreja: o Pontificado do Amor cristão, do "Amai-vos uns aos outros, como Deus nos tem amado."(cf. Ev.).
Inaugura a radicalidade da Caridade, a radicalidade da Misericórdia.
Com uma ousadia e confiança inaudita disse bem alto para o mundo mergulhado no mal e no pecado que "Deus perdoa sempre!" que "Deus não se cansa de perdoar!"
As conclusões lógicas e teológicas dessas afirmações são evidentes: se Deus me perdoa sempre, se não se cansa de me perdoar: devo perdoar também.
Proclamou o Ano Santo da Misericórdia, onde os cristãos que querem agradar a Deus são convidados a oferecer-Lhe o sacrifício do perdão e da misericórdia.
Jesus Cristo disse claramente: "Bem - aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia."(Mt. 5,7).
Fica claro que a necessidade de ser misericordioso para alcançar a misericórdia para os pecadores: a conversão do mundo, dos pecadores, está condicionada à misericórdia dos cristãos.
Só a misericórdia salva e converte. Portanto, quem deseja a conversão do mundo, tem que ser misericordioso, praticar a misericórdia, porque só os misericordiosos alcançarão misericórdia, ou seja, a graça da conversão e da salvação para os pecadores, para os pagãos, etc.
Na Igreja Latina a pureza tomou a conotação de castidade, ao passo que na Igreja Oriental identifica-se muito mais com a Caridade e Misericórdia.
Mas num mundo em que a castidade é rejeitada como levar todos à pureza de coração do Evangelho?
Percebe-se que na Igreja Oriental a virtude da castidade é fruto da Caridade. É o que aparece numa das cartas paulinas, um dos doze frutos do Espírito Santo.
Ora, no Oriente a Caridade é a marca do Espírito Santo. Portanto, falar em frutos do Espírito Santo é o mesmo que falar dos frutos da Caridade.
Por isso entre os Orientais a Caridade é mais importante que a castidade. Há uma hierarquia nas verdades de fé e de moral, e isso foi ensinado pelo Papa Francisco na Evangelii Gaudium. Por isso não descartamos nenhuma verdade e muito menos nenhuma virtude ao dizer que uma é mais importante que a outra: todas são importantes, mas na ordem estabelecida por Deus.
Também ao citar os Orientais não nos referimos aos cismáticos, mas àquela riqueza espiritual existente muito antes do grande cisma, abordadas de forma especial pelo "Monge Contemplativo" nos Livros que citamos.
Assim a Teologia e a Espiritualidade do Oriente com a do Ocidente são capazes de conciliar dois grandes versículos do Sermão da Montanha, proferidos por Jesus Cristo, e que mudou para sempre o mundo.
Estamos falando de "Bem - aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!"(Mt. 5, 7). E de "Bem - aventurados os puros de coração, porque verão a Deus!"(Mt. 5,8).
Na História da Igreja apareceu um grupo de pessoas, os jansenistas, dos quais foi dito: "São puros como os anjos, mas orgulhosos como os demônios!"
Erraram na ordem hierárquica das verdades e das virtudes cristãs, defendendo ser mais importante o que era menos importante, não que não tivesse importância o que eles defendiam, só que deveria ser defendido no seu devido lugar.
Com eles a Igreja da Caridade passa a ser a Igreja da castidade. Essa conotação da castidade fora de seu lugar e contexto deve ter acontecido por causa da distância entre as duas grandes Tradições cristãs: Oriente e Ocidente. A Igreja respirava com um só pulmão.
Mas atualmente, no Pontificado do Papa Francisco, a Igreja volta a respirar com os dois pulmões, de forma que a Igreja da castidade volta a ser a Igreja da Caridade.
Maria Madalena e a Mulher adúltera não eram castas, mas mesmo assim acreditaram em Jesus, viram Deus em Jesus. Nesse sentido a conversão de Maria Madalena e da Mulher adúltera se encaixam mais na tradição oriental que vê a pureza de coração muito mais como amor e resposta ao Amor que castidade.
As faltas contra a castidade não impediram elas de ver a Deus em Jesus Cristo.
É lógico que a castidade delas mais tarde foi fruto do amor, de sua caridade, da caridade praticada e vivida.
Atualmente há um grupo de pessoas na Igreja, e bastante militantes, que defendem com unhas e dentes a pureza de coração com maior conotação na castidade. Podemos dizer que nessa virtude da castidade eles se distinguem e se destacam, sendo até irrepreensíveis nessa virtude tão cara á Santíssima Virgem Maria.
Podemos dizer que eles são puros como os anjos, mas só que eles não conseguem ver Deus no Papa, rejeitam o Papa Francisco.
Então rezemos para que neste Ano Santo da Misericórdia todos possam ver a Deus, ver Deus no Papa e na Igreja.
Portanto, nesse Ano da Misericórdia não sejamos limitados no perdão e no amor.
A castidade não exclui a caridade, nem esta àquela. Se Nosso Senhor acedeu a essas duas mulheres pecadoras, foi porque elas certamente se arrependeram de seus pecados; do contrário não haveria condescendência d'Ele a elas. À mulher adúltera apresentada pelos fariseus, depois de todos se retirarem Ele disse: ".... Vai e não peques mais."
ResponderExcluirPortanto, não devemos ver a misericórdia como um apagamento, ou antes esquecimento puro e simples dos pecados, e depois continuar a viver pecando, ainda que "em off", como se diz. A misericórdia aproveita a quem verdadeiramente se arrepende dos pecados e se esforça verdadeiramente em mudar de vida.