Quando Nossa Senhora apareceu em La Salette, ocorreu um fato que tem muito significado.
Ela começa a falar às crianças em francês, mas depois percebe que as crianças não estavam entendendo e se coloca a falar no dialeto local.
Nossa Senhora não sabia que eles estavam entendendo? Sim, é lógico que Ela sabia disso, mas com isso Ela estava dando uma catequese à Igreja.
E que catequese era essa? Estava dizendo que na Igreja a Missa e as orações deveriam de ser feitas no vernáculo, ou seja, na língua local, para que o povo pudesse entender.
São Paulo Apóstolo já falava nisso, que na Igreja "não se deveria falar em línguas estranhas", mas na língua local para que todos pudessem entender.
Também os Apóstolos nos primeiros tempos se vestiam igual aos leigos, depois apareceu a batina, que no começo era também a veste comum dos Padres e dos leigos.
"Todos eram um", não havia distinção. Mas com o passar do tempo as culturas mudaram e a batina se afastou de suas origens e virou uma tradição disciplinar na Igreja.
Em La Salette, Nossa Senhora com sua catequese, mostra que a Igreja deverá voltar às origens. Mais ou menos uns 114 anos antes, Ela já abençoava o Concílio Vaticano II, que iria introduzir o vernáculo na Liturgia para que o povo pudesse entender e participar da Missa, a mais elevada forma de oração, o que significa que é melhor rezar a Missa que rezar o terço na Missa. Terço se reza fora da Missa. São Pio X dizia que devemos rezar a Missa.
Mas o Latim não foi totalmente excluído, apenas deu espaço ao vernáculo. Também depois do Vaticano II os Padres tiraram a batina e passaram a se vestir como os fiéis. Eles disseram que era para se aproximar do povo, ou "sentir o cheiro das ovelhas", como gosta de dizer o Papa Francisco.
O abandonar a batina tem o seu lado negativo, mas aqui quero falar só do seu lado positivo.
A parte positiva é que ninguém mais poderá dizer: "Há, não vou rezar porque isso é coisa de Padre ou Freira!" Sem essa distinção todos vão rezar, por exemplo.
Mas o mais importante é que a prática da Misericórdia nunca mais poderá ser considerada coisa só de santos, e muito menos só dos Católicos, mas de todos as pessoas de qualquer credo ou religião.
Em La Salette Nossa Senhora mostra um novo humanismo cristão e retorna ao início: "Vede como se amam!"
Mostra a Humanidade de Jesus e da Igreja. Com o seu Segredo Ela mostra a humanidade da Igreja: é Divina, mas também humana. Perfeita na sua Divindade, mas pecadora e cheia de defeitos e imperfeições na sua humanidade. Temos que assumir a nossa humanidade. Somos cristãos mas temos em comum com todos a humanidade.
Jesus foi plenamente Divino, mas também plenamente humano, exceto no pecado. E Jesus assumiu a nossa humanidade. Por isso La Salette ensina que devemos melhorar e assumir a humanidade.
Em La Salette Nossa Senhora mostra que a Igreja não é uma fábrica de cristãos. Que adianta sair pelo mundo inteiro dizendo "convertam-se" se nossa casa tá uma bagunça, como Ela mostra em seu Segredo!
Seu famoso Segredo revela a Misericórdia. Mas muitas pessoas, ao lerem o Segredo, concebem ódio, ao invés de conceber Amor.
Há um princípio de Filosofia que diz que "todo efeito é proporcional à sua causa." Ora, se a causa destas palavras é do céu, o efeito tem que ser do céu também.
Se Deus é Amor, Perdão, Misericórdia, e se Nossa Senhora está gloriosa no céu em uma união perfeitíssima com Deus, como é que suas palavras produzirão efeitos diferentes do que Ela é? Suas lágrimas em La Salette demonstram sentimentos bem diferentes do que muitos imaginam.
Então se as palavras d'Ela são do céu, tem que produzir Amor, Perdão, Misericórdia. Tem que produzir esses efeitos porque senão as palavras não seriam do céu. O efeito não seria igual á sua causa.
Mais à frente falaremos dos dois sentidos da leitura de La Salette: um feito na carne e outro feito no Espírito.
Em La Salette Ela chora como São Paísio.